Hoje, a tendência majoritária na bancada petista é de apoiar Baleia.
O PT decidiu deixar para janeiro a definição do apoio à candidatura do deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP) à presidência da Câmara.
Em reunião da bancada federal, promovida nesta terça-feira (29), o partido considerou que, antes de um anúncio oficial, o candidato do atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ainda precisa se posicionar de forma mais assertiva sobre pautas e temas de interesse da oposição.
A bancada petista pretende se reunir com Baleia até o final desta semana, por meio de uma videoconferência, para que, no início de janeiro, feche uma posição. No bloco de apoio ao candidato do MDB, o PT é a sigla que apresenta mais resistências internas ao acordo.
Para integrantes do partido, Baleia precisa ser mais enfático no compromisso de que respeitará o princípio da proporcionalidade na distribuição de cargos e na garantia do espaço regimental das siglas de oposição, como na instalação de CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) e na convocação de ministros do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Além disso, integrantes da bancada petista se irritaram nesta terça-feira (29) com declarações de Maia em entrevista publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, assunto que também deve ser tratado com Baleia.
O presidente da Câmara afirmou que o bloco de apoio a Baleia é um sinal forte sobre uma aliança de partidos de esquerda e centro para a sucessão presidencial de 2022. O PT, no entanto, já deixou claro de que pretende lançar candidatura própria para a sucessão de Bolsonaro.
Após a reunião, a presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), afirmou, nas redes sociais, que as discussões sobre apoios na disputa legislativa não podem ser confundidas com a eleição presidencial de 2022.
"O PT dialoga para a eleição da Mesa da Câmara porque tem a maior bancada da Casa e responsabilidade com o país. Age para conter danos. Isso não se confunde com 2022. O projeto de país defendido pela esquerda confronta com a frente eleitoral de agenda neoliberal, que esquece do povo", escreveu.
Hoje, a tendência majoritária na bancada petista é de apoiar Baleia. O apoio a um candidato do MDB, no entanto, não é consenso. O argumento de parcela da legenda é de que o partido não deveria apoiar um candidato de uma sigla que defendeu o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Caso os petistas apoiem Baleia, a expectativa de integrantes do partido é de indicar o posto de primeiro vice-presidente ou de primeiro secretário. O acordo interno é para que o nome escolhido não seja da tendência Construindo um Novo Brasil, já que o posto de líder da legenda já é hoje ocupado pelo grupo majoritário.
Em encontro promovido com Baleia na última segunda-feira (28), partidos de oposição entregaram uma carta com compromissos que esperam que sejam adotados pelo emedebista caso ele seja eleito. Segundo deputados presentes, o candidato demonstrou disposição de cumpri-los.
Um deles é se posicionar contra "ataques autoritários" de Bolsonaro "que façam apologia da ditadura, da tortura e do arbítrio" e "não pautar projetos de cunho antidemocrático".
O documento também defende que sejam apreciados decretos legislativos "que visem a impedir que o Poder Executivo exorbite ou desvie de seu poder regulamentar para driblar, esvaziar ou burlar leis".
O texto ainda defende que o novo presidente paute projetos que garantam o acesso de todos à vacina contra a Covid-19 e ressalta a necessidade de combater "práticas autoritárias e desestruturantes" empreendidas pela gestão atual.