Já a coordenadora do Núcleo do Conselho Regional do Serviço Social defendeu a vacinação de toda população brasileira pelo Sistema Único de Saúde
A Tribuna Livre da Câmara de Dourados foi utilizada na abertura da sessão ordinária desta segunda-feira (17) por representantes do Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso do Sul e do Núcleo do Conselho Regional do Serviço Social, que discorreram sobre temas importantes do dia a dia da sociedade e que merecem melhor atenção e reflexão neste período em que o país enfrenta a pandemia de coronavírus.
A diretora farmacêutica do CRF/MS, Fabiana Vicente de Paula, falou aos vereadores sobre o ‘Mês do Uso Racional de Medicamentos’ e apresentou números que apontam que significativa parcela da sociedade brasileira fazem o uso incorreto de medicamentos.
Ela citou pesquisa do Datafolha, segundo a qual a automedicação é um hábito comum a 77% dos brasileiros que fizeram uso de medicamentos nos últimos seis meses anteriores ao estudo. Desses, 47% se automedica pelo menos uma vez por mês e 25% o faz todo dia ou pelo menos uma vez por semana. Na região centro-oeste/norte este índice sobe para 80%, nordeste fica em 79%, sudeste (77%), sul (71%).
A diretora fez um alerta quanto ao risco do uso inadequado e do descarte irregular de medicamentos. Disse que estudo realizado pelo CFF (Conselho Federal de Farmácia) identificou o aumento das vendas e do uso de medicamentos no Brasil durante a pandemia do coronavírus. Medicamentos como a hidroxicloroquina (antimalárico), a ivermectina (vermífugo) e a nitazoxanida (antiparasitário) tiveram alta expressiva nas vendas.
O vermífugo ivermectina, por exemplo, vendeu 857% a mais, no período de abril de 2020 (primeiro mês pós pandemia) a março deste ano. Já as vendas do antimalárico hidroxicloroquina aumentaram 126% de abril de 2020 a março de 2021. A Vitamina D, mais de 100%; a Azitromicina, mais de 71%; a Dexametasona, mais de 18% e a Nitazoxanida, mais de 14%.
“Vivemos uma verdadeira epidemia do uso irracional de medicamentos hoje no Brasil”, disse, atribuindo “principalmente às ‘promessas’ de que alguns medicamentos são preventivos ou terapêuticos contra a Covid-19, o que não há comprovação científica”. Ela reforçou que a única forma de parar com a proliferação da doença é o distanciamento social, uso de máscara e vacina para todos.
Ainda segundo dados revelados pela diretora do CRF-MS, o alto consumo de medicamentos também tem causado danos à saúde das pessoas. As reações de maior gravidade foram causadas pela hidroxicloroquina e afetaram o sistema cardíaco das vítimas. Esses dados, segundo entendimento do CRF, mostram a necessidade de campanhas de uso racional e seguro desses fármacos, além de mostrar à população o que fazer com seus medicamentos domiciliares desnecessários.
VACINAÇÃO
Já a coordenadora do Núcleo do Conselho Regional do Serviço Social (Nucress), Talita Rolim da Silva, falou aos vereadores sobre a vacinação da categoria profissional dos assistentes sociais, reforçando a importância e a defesa da vacinação de toda população brasileira pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Reafirmamos neste momento de crise sanitária global, as bandeiras de luta da categoria de assistentes sociais, ressaltando a urgência do fortalecimento da política de saúde para enfrentamento da Covid-19. Atualmente vivemos um dos momentos mais graves da história do Brasil, a pandemia da Covid-19 já ceifou a vida de mais de 400 mil pessoas no país”, lembrou ela, afirmando que “muitas dessas mortes poderiam ter sido evitadas se houvesse um planejamento coordenado entre os governos federal, estaduais e municipais”.
Talita Rolim defendeu a construção de resistências e lutas, a fim de pressionar o governo federal pela vacinação efetiva e imediata da população, e a imediata efetivação de ações coordenadas nacionalmente e a articulação federativa com estados e municípios para a vacinação de todos através do SUS, “sendo imprescindível a compra de um maior quantitativo de vacinas e insumos, bem como, a ampliação e aceleração do plano de vacinação, como estratégias centrais para a efetiva imunização da população”.
A coordenadora avaliou que “Infelizmente, a realidade brasileira tem revelado que o quantitativo de vacinas disponíveis é insuficiente para a cobertura vacinal da totalidade da população, e tampouco responde às necessidades de imunização de trabalhadores que atuam nas diversas linhas de frente do enfrentamento da Covid-19”. Para ela, a insuficiência de vacinas e insumos, respiradores e leitos é parte de um projeto de governo de não enfrentamento da pandemia, que “perpetua a desigualdade social e os marcadores de classe, raça, sexualidade e gênero, materializados na redução do valor do auxílio emergencial e na inexistência de renda básica, operados para retirar a dignidade humana”.
Por fim, considerou que embora, a imunização da população contra a Covid-19, não seja isoladamente a única alternativa, para superação da crise sanitária, “acreditamos como prioridade a vacinação de toda a população brasileira de forma imediata, em um processo amplo e efetivo de vacinação”.
ORDEM DO DIA
Após apresentação das proposições, os vereadores aprovaram dois projetos em segunda discussão e votação: projeto de lei de autoria do vereador Mauricio Lemes (PSB) que dispõe sobre o transporte de animais domésticos no sistema de transporte coletivo urbano de passageiros no Município foi aprovado com emendas. Também foi aprovada extensa pauta de requerimentos e indicações dos vereadores aos mais variados órgãos de governo.