Perícia revelou que morte foi simulada para parecer um suicídio
Weslei de Almeida Velasco, de 38 anos, foi encontrado morto na noite de segunda-feira (22) dentro de uma das celas na Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira II, em Campo Grande. Segundo as investigações, a morte foi simulada para parecer um suicídio.
O traficante fazia parte de uma organização criminosa a qual o ex-delegado de Polícia Civil de Aquidauana, Eder Oliveira Moraes, chegou a ser denunciado em 2019 por corrupção por beneficiar traficantes fornecendo informações privilegiadas da polícia.
Weslei foi encontrado em uma cela no pavilhão 1. O Corpo de Bombeiros atestou o óbito e a Perícia encontrou marcas no pescoço da vítima que sugerem enforcamento e não suicídio, ou seja, a suspeita é de que ele tenha sido enforcado e depois pendurado.
O delegado plantonista solicitou que os dois internos fossem levados para a delegacia para serem ouvidos.
Tráfico e ex-delegado
Conforme as investigações, o ex-delegado Éder, junto com a advogada Mary Stella Martins de Oliveira, beneficiava a traficante Sandra Ramona da Silva, fornecendo informações privilegiadas.
Stella era tida como “amiga” por Ramona, pois lhe abastecia com dados sobre localização de fiscalizações feitas pela polícia, que haviam sido repassadas inicialmente pelo delegado. Eder, em contrapartida, recebia propinas de Sandra. Os fatos foram descobertos por meio de interceptações telefônicas.
Consta na denúncia, inclusive, que Stella tinha acesso livre ao gabinete do delegado na 1ª Delegacia de Polícia Civil de Aquidauana, onde era informada sobre investigações, em especial àquelas que envolviam a comparsa Ramona. Os próprios policiais civis desconfiavam de vazamento, pois todas as vezes que tentavam abordar Ramona, nunca conseguiam flagrar nada de ilícito com ela.
Tais fatos, aliados ao sumiço de mais de 100 quilos de cocaína da unidade policial, levaram o MPMS a pedir que o delegado perca o cargo. “Pugna, ainda, com fundamento no artigo 92 do Código Penal, que seja decretada a perda do cargo do denunciado Eder Oliveira Moraes, haja vista que a conduta por ele praticada, é da mais alta gravidade e fere frontalmente o decoro da classe e o sentimento do dever, de maneira que se torna incompatível com a atividade exercida na Polícia Civil”. Éder está preso e afastado pela Corregedoria da Polícia Civil.
Além de Eder, Mary Stella e Ramona, também Weslei de Almeida Velasco, Jonathan Roberson Silva de Oliveira Barbosa, Carlos Geraldo Pereira, Nei Ramão de Souza Alviço, Pedro Henrique de Carvalho, Lucas Wesley de Souza Santos e Geovanna dos Santos Giroto, tinham uma função específica na organização criminosa.