Os materiais são compatíveis com uma perda de pressão do veículo, o que provocou uma implosão e levou à morte os cinco passageiros que estavam a bordo
(FOLHAPRESS) - A Guarda Costeira dos EUA informou nesta quinta-feira (22) que os destroços encontrados no oceano Atlântico são do submarino Titan. Os materiais são compatíveis com uma perda de pressão do veículo, o que provocou uma implosão e levou à morte os cinco passageiros que estavam a bordo.
"Foi uma catastrófica implosão", disse John Mauger, porta-voz da Guarda Costeira. Foram achadas cinco peças principais do submersível -a primeira delas foi a parte traseira do veículo, localizada por um robô.
Os ruídos detectados na noite da terça-feira (20) e nesta quarta (21), que deram esperança de encontrar sobreviventes, não parecem ter conexão com o caso, de acordo com análises da equipe de resgate.
O submersível perdeu contato com a superfície no domingo (18), 1h45 após o início do mergulho para ver os destroços do Titanic. Ainda é cedo para dizer quando o acidente aconteceu, segundo o porta-voz, mas as equipes de resgate não detectaram implosões nas 72 horas em que estiveram embaixo da água.
Mais cedo, a empresa OceanGate Expeditions, responsável pelo submarino, havia divulgado nota na qual dizia acreditar que as cinco pessoas a bordo morreram. "Esses homens eram verdadeiros exploradores que compartilhavam um espírito de aventura e uma profunda paixão por explorar e proteger os oceanos do mundo", diz trecho do comunicado, obtido pela CNN americana.
"Nossos corações estão com essas cinco almas e todos os membros de suas famílias durante esse período trágico. Lamentamos a perda de vidas e a alegria que eles trouxeram para todos que conheciam."
Estavam no submarino Titan o empresário americano Stockton Rush, 61 (dono da OceanGate e piloto do veículo), o bilionário britânico Hamish Harding, 58 (presidente-executivo da empresa Action Aviation), o empresário paquistanês Shahzada Dawood, 48 (vice-presidente do conglomerado Engro) e seu filho Suleman, 19, e o francês Paul-Henry Nargeolet, 77 (mergulhador especialista no naufrágio).
Desde o começo da semana, equipes de resgate de diversos países enviaram veículos, equipamentos e pessoal para tentar encontrar o submersível. O submersível tinha capacidade de funcionar de forma autônoma por 96 horas -prazo que teria encerrado na manhã desta quinta-feira.
Segundo informações do jornal The New York Times, dois veículos controlados remotamente participam das buscas no entorno dos destroços do Titanic. No final da tarde desta quinta-feira, espera-se que mais um, com capacidade de chegar a 6.000 metros abaixo da superfície do oceano, junte-se à operação.
O veículo da Magellan, empresa de mapeamento do fundo do mar, estaria sendo transportado do Reino Unido até St. John, na província canadense de Newfoundland de onde zarpou o Polar Prince, navio que serviu de base para o Titan e rebocava o submersível até a área onde ele operaria sozinho.
A OceanGate cobra US$ 250 mil (R$ 1,2 milhão) por uma vaga no passeio de oito dias para ver os restos do transatlântico que afundou em sua viagem inaugural após bater num iceberg em 1912. Os destroços da embarcação, cuja tragédia matou mais de 1.500 pessoas, estão 1.450 km a leste de Cape Cod, no estado americano de Massachusetts, e 640 km ao sul de St. John, no Canadá.
No momento em que a notícia dos destroços foi compartilhada, Guillermo Söhnlein, que cofundou a OceanGate com Rush -mas deixou a empresa há cerca de dez anos-, estava concedendo uma entrevista à rede britânica BBC. Na conversa, ele compartilhou uma projeção pessimista.
Para Söhnlein, o mais provável é que tenha havido uma implosão a partir do momento em que o Titan apresentou uma falha técnica. "Independentemente do submersível, quando você está operando em profundidade a pressão é tão grande que qualquer veículo, se houver falha, explodirá instantaneamente."
A OceanGate já havia sido alertada por especialistas independentes sobre possíveis falhas em seus modelos, mas rebatia as críticas alegando que estava inovando na área. "Depois de descobrirmos o que houve de fato, temos de tirar lições e levá-las adiante", disse Söhnlein.