É fato, o poder “embebece”, cega, envaidece. Ele tem o poder de afastar e aproximar. Sua gana, engana e revela quem na essência somos.
Verbo transitivo direto, transitivo indireto e intransitivo: possuir força física ou moral, ter influência, valimento. Ter ou estar no poder, na verdade não significa que podemos tudo, muito menos por abuso, nem mesmo esquecer quer ele passa, que é transitório. Engana-se quem imagina que o poder é apenas aquele conferido pelo povo, pois em todas as esferas sociais e desde que o mundo é mundo, prevalecer é uma ordem.
Na sociedade e no mundo animal essa busca em estar no topo da pirâmide, como detentor das regras e das regalias que essa posição confere, é uma batalha diária. “Tantos leões” são mortos todos os dias nas mais diversas áreas, sejam na atuação jurídica, nas redações, nas grandes corporações, nos departamentos públicos, no universo religioso em que o sacro deveria ser intocável, inflexível, inegociável e até no seio familiar. Simplesmente, é uma pena, pelo direito de SER.
Onde tudo isso nos leva? O que e quem nos tornamos? A que preço? Quais as vantagens? São perguntas complicadas com respostas complexas. A verdade é que para qualquer posição onde o poder nos atrai, as regras deveriam prevalecer, sim as regras pré-estabelecidas. Abro um parêntese para lembrar de um livro que li no meu curso direito, A revolução dos bichos, George Orwell. Uma sátira ao regime socialista, mas que se encaixa perfeitamente nesse raciocínio não lógico de raras exceções.
Sabemos que por mais duras que sejam as regras, sejam as de convivência social, que o digam as mulheres muçulmanas, ou na disputa de espaço do tal lugar ao sol, o “combinado nunca foi caro”. Em muitos ambientes “repudiáveis” (nas prisões, na máfia, nos cartéis...), socialmente falando, vilipendiar o código, é conduta reprovável ao ponto de se pagar com a própria vida, o nosso bem maior. Então fazer o que?
A máxima de que NA GUERRA VALE TUDO, SÓ NÃO VALE MORRER, tem um certo sentido para quem busca o poder a qualquer custo, mas até na guerra se respeita as regras. Um soldado ferido não se deixa no campo de batalha, um adversário que se rende deve receber tratamento humano, é proibido matar mulheres e crianças.
O poder em si e até a sua busca, não é o nosso maior problema. Trata-se de uma necessidade em certos casos. É humano querer crescer, evoluir, conquistar. A grande contradição nisso tudo, é a retórica que se usa para buscá-lo e a sua prática executória quando o alcançamos. ESTAR no poder, quase sempre provoca um estado de amnésia, com sintomas colaterais de ingratidão. Quem estaria imunizado contra isso? Os “amigos” do poder. Para eles, o *tudo justifica! Réprobos.
*tudo – o inimaginável